A manhã nascia radiante quando o piloto melindano sobe à gávea e avista Calecut. Corremos apressados a bombordo. Ficámos perplexos enquanto o barco se aproxima daquele novo mundo.
Saímos da nau toda transfigurada, após aquele percurso. Velas rasgadas dançavam ao sabor do vento, mastros caídos e o convés estava danificado.
Tínhamos os pés na areia, eram constantemente acariciados pelas águas tépidas do mar. Alguns de nós arrastavam-se pela areia mostrando a fadiga depois daquela viagem.
Notámos um intenso e diferente cheiro no ar. Era provavelmente o cheiro do que procurávamos, as famosas especiarias do oriente.
Tudo era diferente, exótico, as folhas das árvores, as plantas e os animais. Tínhamos sem duvida um longo trabalho de pesquisa pela frente, para encontrarmos e identificarmos as tais especiarias que o Sr. El Rei D. Manuel desejava.
Estávamos já a admirar toda aquela beleza quando nos apercebemos que não estávamos sós. Reparámos que num grupo de indianos que nos olhava fixamente e com olhares desconfiados. Éramos estranhos para eles. Tocavam-nos e viam as coisas com curiosidade, tentando descobrir para o que serviam.